Casa da Selores


Casa da Selores

Formada por dois corpos distintos, tem junto, à direita, mas recuado um metro da frontaria, a capela. Esta, edificada pelo dito Frei Gonçalo para sepultura dos seus pais, conforme inscrição gravada na verga da porta:
CAP. Q. MANDOV FAZER Dº G.º DE MORAIS
BPO DO PT.º Pª Sª DE SEVS PAIS E IRMÃO AN
To DE MORAIS E DE NS 1616
Este edifício é caracteristicamente do século XVII, de linhas direitas, toda de cantaria, com um único vão, o da porta da entrada, tendo, como remate do entablamento saliente, um frontão curvilíneo, ladeado por duas pilastras, no meio do qual o brasão do fundador. Sobre o beiral, um singelo campanário em arco.
A Casa, propriamente dita, é formada por dois corpos distintos, construídos em épocas diferentes.
O da direita, que junta à capela, deve ser bastante posterior tanto ao outro corpo como à própria capela. Nitidamente do século XVIII, apresenta-se todo caiado de branco, com a sua fiada de seis janelas de avental no andar superior, ricamente emolduradas, de belo efeito arquitectónico. Ao centro, a única porta de toda a fachada, entre dois janelões gradeados do mesmo tipo das janelas do andar superior, mas menos ricos em ornatos, é sobrepujada por uma monumental pedra de armas.
O outro corpo da casa apresenta, a todo o seu comprimento, uma lindíssima varanda de dez colunas salomónicas de capitéis jónicos, que sustentam a cornija, ornada de duas fiadas de dentículos e protegida por amplo beiral. Ao meio, entre duas colunas, um grosso pilar, no qual assenta outra pedra de armas e que deve ser posterior à construção da varanda, talvez da mesma época do outro corpo.
Todo este conjunto, de rara beleza, dá jus de poder ser considerado como um dos mais belos solares de toda a região transmontana. Pena é que o seu interior não seja mais do que uma impressionante e dolorosa ruína, não havendo o mais pequeno vestígio da opulência desses nobres fidalgos, que segundo a tradição, quando iam de jornada a Lisboa de liteira nunca pernoitavam fora das suas propriedades.
Anda ligada a esta Casa um romance de Camilo, «O Santo da Montanha», cuja acção e personagens se adaptam ao Solar e a alguns dos Senhores de Ansiães.

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